Poema Pedras de São Bento, escrito por Maria José Chiaradia dos Santos em julho de 2001.
Por Maria José Chiaradia dos Santos
Pedras de São Bento
O acidente geográfico em pedras,
É uma marca do Brasil,
Arte original da natureza,
Entre tantas outras mil...
A Pedra do Baú
Nas proporções a Baú é a Pedra “Rainha”,
Bauzinho e Ana Chata são as “Princesas”,
Cada qual com características próprias,
Esnobam suas diversidades em belezas.
As inéditas saliências na serra,
Formam o mais interessante troféu,
Elevado perto de Deus,
Coroadas pelo anil do céu.
A Pedra do Baú, no passado, Monte Barão,
Tem grande toca na base sul,
Onde continua guardando curioso segredo,
Rachadura no piso de profundidade infinita,
Lugar de perigos e muito medo.
Cheia de mistério essa rachadura,
Não é buraco feito por tatu,
Parece ser um medonho sumidouro,
Ligando o lençol freático a Pedra do Baú.
Possui chaminé vinda das profundidades,
Expedindo um fluído úmido e gasoso que sufoca,
Prejudica o som, a luz e o ar respirável,
Em parte da vasta toca.
A belíssima Pedra do Baú,
Vista do bairro da Lagoa,
De estrutura avantajada retrata,
A aparência poderosa de uma forte leoa.
A Pedra do Baú no passado tão referenciada,
Já teve seu período de apogeu,
Hoje!... Ora Seja!... Lá imóvel está,
Como que nada sofreu.
Tornar as pedras acessíveis à escalada,
É mérito de Dr. Luiz Dumond Villarez,
Amante da natureza e dos desafios,
Esmerou-se nos serviços exemplares.
O passar dos tempos deixaram rastros,
De perdas não mais restituídas e progresso,
Ganhando boa melhoria,
As vias transitáveis de acesso.
Foi muito triste o que aconteceu com a casa equipada no Pico,
Uma obra feita de esforços tão generosos,
Ter sido destruída com muito sarcasmo,
Por estudantes paulistanos criminosos.
Nós, filhos deste chão vibramos,
Com o conforto das qualificadas construções,
Porém, malvados visitantes,
Demoliram as confortáveis acomodações.
“Por onde andam esses malfeitores?
São gente do Bem ou pervertidos?
Continuam com práticas de ações de baderneiros?
Já são mortos ou estão vivos?...”
Indignada com as destruições clamo por justiça,
Pelos procedimentos desses estrupícios,
Que doa a consciência deles,
Nos momentos bem propícios.
Ainda que tantas calamidades cometidas,
Não houve quebra do desfrutar,
Os amantes do montanhismo,
Lá afluem para escalar.
A Pedra do Baú tem guardião que não se vê, o “ECO”,
Dono da onda de som forte,
Repetem felizes as vozes dos visitantes,
Desejando-lhes boa sorte.
No trajeto rumo às alturas,
Com perdas de energias para avançar,
Os escalantes são vaiados pelos pássaros,
Alegres em bando a voar.
Vencida a escada de arcos,
A pessoa eleva o pensamento em Deus!...
Por tantas belezas na Obra da Criação, o “PLENO AUTOR”,
E também é seu PAI e seu SENHOR. Amém!.
A Pedra Bauzinho
A Pedra Bauzinho debruço olha a Pedra do Baú,
Cobrindo um trecho de montanha,
Em posição de permanente descanso,
Apoia na vegetação suas entranhas.
Do conjunto é a mais acessível na escalada,
Vai-se de veículo até o lugar muito gostoso,
Daí segue a pé 100 metros de trilha acima,
Já alcança o rochedo comprido e sinuoso.
A sensação da passada do solo,
Para a Pedra do Bauzinho,
É como atravessar uma pinguela,
Encontrada no caminho.
Com harmonia a Pedra Bauzinho,
Nos pés da Pedra do Baú grudada,
Debruçada no topete serrano,
Tem no seu dorso passarela incrustada.
Percorrer esse rochedo roliço,
É disposição do admirador,
Para visualizar o cenário dos feitos,
Na maquete de Deus Criador.
A Pedra Ana Chata
Sozinha e mais distante a Pedra Ana Chata,
É formada por lascas acomodadas,
Abre num corredor estreito que adentra a rocha,
A sua escalação é a mais forçada.
A montanha pétrea da Pedra Ana Chata,
Com sua fresta num contínuo oco,
Furo aberto na posição obliqua,
Via de transito da base ao topo.
O rústico vão forma uma caneleta interna,
De partes naturais e outras adaptadas,
Mais larga aqui, afunilada lá,
Usado por morcegos como morada.
Subir pela garganta da Pedra Ana Chata,
Requer muito ânimo para escalar,
Se a ida é cheia de dificuldades,
A volta tem mais peripécias de assustar.
Chegar ao cume da Pedra Ana Chata,
Pela trilha cavernosa é fascinante,
- Você!... É o artista no palco agreste,
E a vegetação!... É a plateia exuberante.
Pedras Lajens
As Pedras Lajens emolduram a Lagoa,
Abrigam o grande tesouro,
Vistos por alguns privilegiados,
A misteriosa tocha da mãe do ouro.
A Pedra Lajem Curva,
Fincada na vertente,
Nas tardezinhas de inverno,
Tapa o sol poente.
A Pedra Lajem Pluma,
Do seu lado faceiro,
É um grande penhasco,
No bairro paioleiro.
O município de São Bento do Sapucaí,
Tem conjuntos de montanhas de pedras,
Graciosas... Estão acima e diante dos nossos olhares,
Como motivos desenhados numa cortina de pregas.
As lindas festanças de outrora,
Hoje não acontecem mais,
Por falta de alojamento e continuadores,
Com o entusiasmo e boa vontade de nossos avôs e pais.
Na Serra da Mantiqueira,
Permanece o grande carrossel,
Composto pelas Pedras do Baú, Bauzinho e Ana Chata,
Rainha e as Princesas do maravilhoso painel.
Ainda bem pequena,
Aprendi as criaturas pétreas amar,
Este sentimento é como uma sombra,
Pois vivo com elas a sonhar.
Acordada ou repouso,
Tenho sempre a bela visão,
Deste chão querido onde nasci,
Terra que amo com orgulho e gratidão.