Bairro do Cantagalo: Um mundo rural a descobrir
Por Walkyria Ferraz
Pode-se escolher entre dois contos sobre o nome Cantagalo. O primeiro diz que “antigamente as pessoas compravam frangos no bairro vizinho de Luminosa e certo dia, um rapaz que vinha a pé com vários frangos em punho, deixou um destes cair no chão que lá permaneceu. O tempo foi passando e o frango se transformou em um galo, que cantava na estrada todos os dias”. O segundo já diz que “todo mundo que morava aos arredores do bairro escutava noite após noite o canto de um galo. Foi então que um rapaz valente decidiu seguir o barulho e chegou à cachoeira. Ao chegar à cachoeira o espanto: um galo amarelo que reluzia feito ouro. Quando tentou se aproximar o galo sumiu e nunca, até hoje, ninguém o encontrou”.
Tanto um conto quanto o outro, traduzem os costumes e a cultura de um dos bairros mais distantes e ricos em histórias e natureza do município de São Bento do Sapucaí, o Bairro do Cantagalo.
A data não se sabe ao certo, mas sabe-se que uma das primeiras moradoras do bairro, Dona Maria Moreira, filha de índios que moravam nas matas, foi uma das primeiras pessoas a habitar o local. Na data o bairro, que ainda não tinha nome, contava com aproximadamente 6 casas feitas de sapê e não tinha nenhuma estrutura.
Foi quando o Sr. Vírgulino, dono de terras locais, doou para a igreja um terreno, onde foi construída a Igreja Santa Maria. A partir da igreja novas casas foram sendo construídas em torno -todas de sapê – e a comunidade foi se formando aos poucos pela terra fértil e abundante, que despertou interesse nos produtores rurais que iam migrando cada vez mais para o local.
De acordo com os moradores, até o ano de 1985 parte do bairro ainda não tinha iluminação e nas casas constavam os banheiros popularmente chamados de “privadas” – que ficavam na área externa e eram covas perfuradas no chão para uso fisiológico. “Crescemos assim, pois a cidade sempre ficou muito distante, então as pessoas arrumavam soluções rústicas e que resolviam”, conta Dona Maria Morais.
Ainda segundo Dona Maria as pessoas não tinham carros, somente cavalos e carros de boi, então quando uma pessoa adoecia ou até mesmo falecia, os homens fortes da comunidade se reuniam e desciam carregando a pessoa em estrados de madeira.
Há 18 km do centro sambentista, para se chegar ao bairro de altitude elevada e temperatura amena, existem muitos caminhos que cortam bairros vizinhos como Bocaina, Áreas e Luminosa, ora Estado de São Paulo ora Estado de Minas Gerais.
Com natureza fértil e pouco tocada pelo homem, o caminho verdejante faz contraste com o vermelho da estrada de terra e com o céu azul límpido, em sua maior parte do tempo. Quando se chega ao bairro, logo se sente o aconchego de um povo receptivo, com olhares ávidos por saber quem são, que acompanham um sorriso sincero e que vem do coração.“Opa” – fazem os senhores à cavalo acenando com as mãos como forma de cumprimento aos visitantes.
A simplicidade do local é sentida nas prosas desapressadas, no jeito intimista de tratar, na valorização da pessoa em si e não do que ela possui.
O centro do bairro é composto por uma ponte que, uma vez atravessada, leva à Igreja de Santa Maria e ao coreto -marcado por uma bússola em forma de galo no cume. As casas, a escola, o posto de saúde, a quadra de esportes que está sendo construída e o campo de futebol compõem a vila. O entorno, com estradas de terra, cachoeiras, trilhas, animais da fazenda e exóticos, mata nativa, e muito mais, completam o cenário típico rural.
A principal atividade econômica local é a agricultura. Hoje, o bairro participa do projeto implantado pela Secretaria de Turismo e Desenvolvimento, em parceria com o SENAR-SP, intitulado “Villa Cantagalo – Turismo Rural Comunitário” – que tem o objetivo de beneficiar diretamente as famílias com geração e distribuição de renda, agregando valores como a solidariedade e a troca de saberes. Trata-se de um espaço ocupado pela agricultura familiar onde natureza, história e cultura são valorizadas.
O projeto Turismo Rural Comunitário possibilitou a criação de novas perspectivas na vila. Atualmente o Bairro do Cantagalo conta com duas hospedarias, um café da roça, monitores para acompanhar os visitantes em trilhas e passeios exuberantes, dois artesanatos, uma agorindustria de azeite de oliva e uma loja de doces. Tudo plantado, colhido e produzido localmente. De uma forma mútua os moradores se ajudam e oferecem atividades de qualidade. O visitante pode passar um dia ou uma semana no local que entretenimento não faltará. Leite “ao pé da vaca”,caminhadas, bicicleta, cavalo, trilhas, bom almoço no fogão à lenha, contação de causos e lendas ao redor da fogueira, e muito mais.
Descubra o Bairro do Cantagalo e se encante!
Para saber mais:
Pousada do Galo:
(35)9185-1988
pousadadogalosp@hotmail.com
Pousada Vó Maria e Restaurante da Vó Elza:
(35) 9707-8627
docecantagalo@hotmail.com
Oliq – agroindústria de azeite de oliva
(35)9168-8829 – tratar com Mário
Estrada do Cantagalo, km 8 – Fazenda Santo Antônio do Bugre
oliq@oliq.com.br
www.oliq.com.br